Cannes é um dos grandes mistérios da publicidade.
Publicitários de todo o mundo encontram-se para confraternizar e trocar prêmios entre si.
Tudo bem, entendo a questão de um reconhecimento pelo trabalho, descobrir aqueles que mais destacaram-se e reconhecer seus esforços, o problema é o critério adotado.
Nesse ano, várias das campanhas escritas tinham formato “Cannes”, que na linguagem popular significa: bacana aos olhos dos jurados independente se foram para rua efetivamente ou foram apenas produções conceituais.
Hoje saiu no Estadão um dos grandes vencedores, e o título da matéria diz tudo: ‘Superhumanos’ emociona e leva Grand Prix:
Ok, a campanha é legal, minhas dúvidas são:
Quantas pessoas foram impactadas?
Quantas foram impactadas de forma orgânica?
Quantas dessas impactadas engajaram-se com a mensagem a ponto de disseminá-la?
Quanto isso impactou no business do anunciante?
E talvez o mais importante, quanto desse universo impactado realmente Emocionou-se com a campanha?
Óbvio que é uma discussão em vão, afinal nessa premiação “emocionar” os jurados de Cannes já é o suficiente. A questão não é resultado da campanha para a marca, ou até o quanto isso impactou o público, o importante é premiar, segundo a opinião dos especialistas da área, desprezando as variáveis de performance e até mesmo o público teoricamente impactado.
Entre os grandes vencedores de Cannes estão:
– Marcas com grandes dificuldades
– Agências fechando
– Campanhas que não foram para o público geral
– Publicitários que não fazem nada já faz muito tempo, mas assinam as peças.
Sei que é uma opinião muito racional, que despreza todo o emocional que cerca a publicidade desde sua origem, algo que nos trouxe até aqui, que criou um dos maiores setores econômicos e que movimenta bilhões de dólares em todo o mundo, mas será que não chegou a hora de evoluir?
A publicidade precisa continuar emocionando, gerando conexões afetivas entre marcas e pessoas, mas na hora de escolher quem realmente fez a diferença, não seria bacana avaliar resultados ao invés de apenas percepção de sucesso?
Mas não desisti, continuo tentando entender… 🙂
Realmente, parece que Cannes e todas as antigas estruturas estão com dificuldade de perceber que o velho modelo piramidal ruiu e que o jeito é comprar o livro do Nepô, Gestão3.0 pq lá está tudo desenhado…